Quando Heath Ledger faleceu em janeiro de 2008 houve uma verdadeira comoção. Até que os médicos divulgassem a causa da morte (ingestão acidental de remédios), levantaram hipóteses de suicídio ou overdose de drogas.
O Cavaleiro das Trevas (que mais tarde agregaria o desnecessário “Batman” ao título) ainda nem tinha sido lançado e o buzz em torno da última performance que Ledger tinha concluído era imenso. Houve até quem dissesse, sem ter visto o filme, que vinha por aí uma das melhores atuações da história do cinema.
Depois de muita espera finalmente o filme foi lançado. A crítica e o público colocaram Heath num pedestal: seu Coringa, cheio de vida, trejeitos e sarcasmo fez com que muita gente sentisse ainda mais a recente perda.
Impecável no papel, Heath dosou a loucura do vilão e conseguiu ser convincente – e odioso e engraçado e assustador – até nos momentos mais absurdos da trama.
O trabalho rendeu a Ledger importantes prêmios como o Oscar e o Globo de Ouro.
Como era de se esperar, houve quem dissesse que tudo aquilo era muito barulho por nada e chegaram até a dizer que se ele estivesse vivo certamente não seria lembrado nas cerimônias. Exageros à parte, a genialidade de Heath pôde ser vista em cada cena do filme de Nolan.
Muito antes do Coringa, Heath Ledger já se mostrava um bom – e às vezes ótimo – ator. Elegemos abaixo 3 Momentos que comprovam essa evolução:
10 Coisas que eu Odeio em Você
O primeiro filme de grande projeção de Ledger se tornou rapidamente um clássico entre os adolescentes. Eu mesmo confesso que durante anos e anos e anos esse filme foi meu preferido.
Na trama, Patrick Verona, um grosseirão com uma péssima fama, é contratado por Joey para sair com Katharine, a irmã de sua pretendente. A moça, que tem uma fama tão ruim ou pior que a dele, não se deixa levar tão facilmente pelas artimanhas do garoto. Até que em determinado momento, depois de patadas, risadas e diálogos inesquecíveis, eles se apaixonam… E o resto é história.
O roteiro, cheio de clichês deliciosos, escrito por Karen McCullah e Kirsten Smith baseado no livro A Megera Domada de William Shakespeare, permitiu a Heath criar um personagem extremamente sarcástico, magnético e divertido – o contraponto perfeito para a mocinha atípica e cínica de Julia Stiles. A cena em que ele canta Can't Take My Eyes Off You é memorável
Coração de Cavaleiro, 2001
Longe de ser uma produção sisuda como filmes de época costumam ser, Coração de Cavaleiro é um conto sobre honra, dignidade e amor.
Dirigida e roteirizada por Brian Helgeland, a pequena pérola infelizmente não é muito lembrada pelas pessoas, mas isso não tira nenhum pouco seu valor. O roteiro, pra lá de espertinho, mostra um jovem escudeiro que após a morte de seu mestre decide tomar seu lugar num torneio de nobres e acaba se apaixonando por Jocelyn (Shannyn Sossamon).
Na pele do protagonista William, Heath pinta, borda e sapateia alternando momentos de riso com boas atuações dramáticas, demonstrando carisma sem igual. Fora que só essa cena valeria o filme.
Alguém aí ainda duvidava que Heath conseguiria carregar um filme inteirinho nas costas?
Candy, 2006
Nos dois momentos citados acima Heath Ledger entregou boas atuações e exibiu carisma e irreverência na medida certa. Para quem estava acostumado com esse tipo de personagem, Candy foi uma grata surpresa. Tratando de temas delicados como autodestruição e drogas, o filme dirigido por Neil Armfield trouxe à tona o melhor de seus interpretes.
A personagem título, vivida pela maravilhosa Abbie Cornish (Brilho de Uma Paixão) é uma garota rica que se apaixona por Dan (Ledger), um artista pobretão. Em pouco tempo a relação deles se torna destrutiva e ambos, cada um a sua maneira, encontram nas drogas as respostas – e o abismo – para todos seus problemas.
Heath se desdobra e entrega uma performance visceral, triste e intensa, digna de aplausos. Infelizmente o filme teve fôlego para chegar a nenhum grande prêmio.
Bônus: O Segredo de Brokeback Mountain, 2005
Grande favorito das principais premições daquele ano, O Segredo de Brokeback Mountain fez história ao colocar o estereótipo do cowboy americano num contexto pouco usual: na trama, Jack e Ennins, dois amigos, veem suas vidas colocadas de cabeça para baixo depois de passarem uma noite juntos. O preconceito dos próprios protagonistas, da família e da sociedade é retratado com uma sensibilidade precisa pelo diretor Ang Lee.
Indicado ao Oscar de Melhor Ator pelo papel, o filme colocou Heath no primeiro time de Hollywood e fez com que prestassem mais atenção no que ele poderia oferecer.
Triste pensar que uma carreira que poderia ter sido brilhante (talvez ela tenha sido) foi interrompida de maneira tão brusca.
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